O líder indígena Paulo Marubo morreu neste sábado (3/2), após uma piora no quadro de hepatite. Pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), ele coordenou as buscas pelo indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips, mortos no Amazonas, em 2022.
Sobrinho de Paulo, o advogado Eliésio Marubo confirmou a piora no quadro de saúde do líder e disse que na sexta-feira (2/2) os rins e o fígado estavam comprometidos pela hepatite.
Segundo Eliésio, o tio começou o tratamento em Tabatinga (AM) e depois se internou na capital Manaus, onde teria ficado instalado em um corredor sem receber os devidos cuidados. O advogado apontou precariedade do Sistema Único de Saúde (SUS) e criticou a Secretaria de Segurança do Amazonas.
Para ele, a pasta falhou em oferecer um esquema para proteger Paulo, que era alvo de ameaças de morte, e estava vulnerável no hospital.
"Ele contribuiu muito para o modelo da Univaja. Criou uma nova forma de a entidade trabalhar, enfrentar os desafios da nossa região e nos deixa com muita dor por esse passamento", disse Eliésio.
A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) emitiu uma nota de pesar e reconheceu Paulo como o responsável por criar "condições para que a floresta e as vidas que ali habitam sigam em pé".
Paulo Marubo coordenou três vezes a Univaja e também contribuiu para estruturar a Equipe de Vigilância da Univaja (EVU), a fim de ampliar a segurança dos povos indígenas no Vale do Javari.
O território é onde está o maior número de indígenas em isolamento voluntário do mundo. A população originária da região vive sob ameaças de crimes, como tráfico de drogas, pesca e caças ilegais.
Texto: Isabella Cavalcante
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Fonte: Metrópoles