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Desembargador mudou decisão após filho receber depósito R$ 65 mil

Alvo de operação da PF por suposto esquema de venda de decisões judiciais, desembargador Ivo de Almeida está afastado do cargo no TJSP

Por Felipe Resk, Luiz Vassallo em 27/06/2024 às 07:54:58

São Paulo – Investigação da Polícia Federal (PF) mostra que o desembargador Ivo de Almeida, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), mudou de opinião e beneficiou réus por roubo de carga logo após uma empresa ligada ao filho do magistrado receber depósito, em dinheiro vivo, de R$ 65 mil.


O desembargador é o principal alvo da Operação Churrascada, deflagrada na última quinta-feira (20/6) pela PF, contra o suposto esquema de venda de decisões judiciais. O magistrado está afastado do cargo por ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ).


O episódio citado no inquérito envolve os réus Diogo Concórdia da Silva e Almir Gustavo Miranda, que foram presos em flagrante por tentar roubar um caminhão, à mão armada, carregado com alimentos avaliados em R$ 320 mil, em fevereiro de 2015.


Em abril de 2016, 14 meses após as prisões, duas advogadas impetraram habeas corpus para revogar a preventiva dos acusados. Relator do caso, Ivo de Almeida rejeitou a tese de excesso de prazo e indeferiu o pedido liminar.


Decisão sob suspeita


Após a negativa, as advogadas deram procuração a Luiz Pires Moraes Neto, considerado peça-chave do esquema investigado na Churrascada. O novo advogado, então, reiterou o pedido de soltura com os mesmos argumentos.


A petição que pedia a reconsideração da medida liminar foi ajuizada no dia 24 de maio de 2016. Os investigadores identificaram que a data coincide com um depósito de R$ 65 mil, de fonte não identificada, para a empresa Citron Residence Incorporações, da qual o filho do desembargador era sócio.


Mesmo sem fatos novos no processo, em 7 de junho de 2016, o desembargador mudou de posicionamento e reconheceu excesso de prazo para revogar a prisão preventiva dos réus.


Ivo de Almeida é suspeito, ainda, de esquema de "rachadinha" no gabinete e de ter negociado decisões judiciais em outros processos. Entre eles, estão supostas tratativas de propina de R$ 1 milhão (fotos acima) para beneficiar o narcotraficante Romilton Queiroz Hosi, apontado como homem de confiança de Fernandinho Beira-Mar, ex-líder do Comando Vermelho (CV).


"Restabelecer a verdade"


O advogado Alamiro Velludo Salvador Netto, que defende Ivo de Almeida, afirma que "ainda não obteve acesso aos autos que supostamente sustentaram as medidas cautelares deferidas pelo STJ".


"Aguarda-se, assim, a autorização ao total conteúdo das investigações para que a defesa possa se manifestar e, em consequência, reestabelecer no caso a verdade e a Justiça", pontua.



Texto: Felipe Resk, Luiz Vassallo

Foto: Divulgação/TJSP



Fonte: Metrópoles

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