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Coronel da PM diz que Abin avisou sobre invasões às 10h

Coronel recebeu aval do STF para ficar em silêncio nas questões que possam levar à autoincriminação e chegou a apresentar atestado médico

Por Sandy Mendes, Manoela Alcântara, Augusto Tenório em 26/06/2023 às 18:19:01

A CPI do 8/1 interroga, nesta segunda-feira (26/6), Jorge Eduardo Naime, ex-chefe do Departamento Operacional (DOP) da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Ele afirma que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) só avisou as forças policiais sobre a invasão às 10h.


Naime dá conta da exisência de um relatório da Abin, comprovando o disparo da informação sobre atos às 10h. "Ou as agencias não passaram a informação para o secretário [de Seguranã] e o comando geral, ou eles ficaram inertes", disse o coronel.


De acordo com Naime, no dia anterior criou-se um grupo chamado "Sisbin", com representante do centro de inteligência da secretaria de segurança do DF; do coronel Reginaldo, chefe da inteligência da PM, e chef da inteligencia do comando regional da PM.


"Quando não colocam o DOP cegaram o chefe do Departamento de Operações e o subcomandante geral. Cegaram todo o braço operacional", comentou Jorge Eduardo Naime.


O coronel, preso desde janeiro, voltou a declarar que a "ação da PM sempre foi limitada pelas Forças Armadas". Naime também alega ter sido impedido de conduzir manifestantes para fora do Alvorada, no dia 12/12 do ano passado, pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Bolsonaro.


Seu depoimento dá sequência aos trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga os atos golpistas ocorridos em Brasília.


Mais cedo, o coronel recebeu aval do STF para ficar em silêncio em questões que possam levar à autoincriminação e chegou a apresentar um atestado de depressão que o dispensaria de comparecer à comissão. A secretaria do colegiado, no entanto, pediu uma reavaliação do laudo pela junta médica do Senado Federal.


O coronel passou pela checagem médica e garantiu que, independentemente do laudo, iria falar na comissão que investiga os atos golpistas do 8 de janeiro, em Brasília.


Naime iniciou seu depoimento dizendo não estar em condições físicas plenas e afirma estar preso há cinco meses sem saber o porquê. Ele recorda estar de licença quando foi acionado para conter as ações golpistas no dia 8/1. De acordo com o coronel, sua condição de preso o impediu de tomar conhecimento sobre o andamento das investigações.


"Hoje, mesmo numa condição mental não muito favorável, eu resolvi vir aqui em respeito à vossa excelência, em respeito ao Congresso Nacional, Casa que eu sempre defendi, que eu sempre operei e sempre estive presente das maiores operações com esta Casa, defendendo o Estado Democrático de Direito", disse Naime ao presidente da CPI Mista, Arthur Maia (União-BA).


O coronel da PM também disse ter sido impedido pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), ainda durante o governo Bolsonaro, de escoltar manifestantes que iriam ao Palácio da Alvorada conversar com o então presidente, em 12 de dezembro de 2022. Segundo Naime, quando ele chegou ao local, os bolsonaristas já estavam falando com o chefe do Executivo federal.


O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou o ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Jorge Eduardo Naime a ficar em silêncio nas questões que possam levar à autoincriminação na CPI. O depoimento do coronel Naime está marcado para acontecer nesta segunda-feira (26/6), às 14h.


A decisão acatou parcialmente o pedido da defesa do coronel à Suprema Corte para que Naime não fosse obrigado a comparecer à CPI do 8/1. A solicitação de salvo-conduto, segundo os advogados, visa evitar que o oficial da PMDF sofra "constrangimentos" emanados por parte dos integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, realizada no Congresso Nacional.


"A testemunha tem o dever de se manifestar sobre os fatos e acontecimentos relacionados ao objeto da CPMI ligados ao exercício da sua função pública que então exercia, devendo, contudo, ser assegurada a garantia de não autoincriminação, se instado a responder a perguntas cujas respostas possam resultar em prejuízo ou em sua incriminação", escreveu Moraes, na decisão.


Entenda


Jorge Eduardo Naime era chefe do Departamento de Operações (DOP) da PMDF e estava de folga no dia 8/1, sendo substituído dias antes pelo coronel Paulo José Ferreira. No dia dos atos antidemocráticos, Naime chegou a ir à Esplanada dos Ministérios, prendeu manifestantes e foi ferido por um rojão.


No dia 10/1, ele foi exonerado pelo então interventor na Segurança Pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli.


O requerimento para ouvir Jorge Eduardo Naime é de autoria de Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPI do 8/1 no Congresso Nacional. No documento, a parlamentar cita a importância de ouvir o coronel sobre a tentativa de invasão à sede da Polícia Federal em Brasília, ocorrida no dia 12/12 do ano passado. A comissão investiga a escalada golpista, a partir do resultado da eleição presidencial, no dia 30/10.


"Dentro da primeira fase de oitiva de testemunhas, pleiteia-se a inquirição do Senhor Jorge Eduardo Naime, ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal, como testemunha, sob compromisso, dos atos ocorridos em Brasília no último dia 12 de dezembro. Pensa-se que o Senhor Jorge trará informações de enorme valia para a condução dos nossos futuros trabalhos na presente Comissão", justifica Eliziane.



Texto: Sandy Mendes, Manoela Alcântara, Augusto Tenório

Foto:Vinícius Schmidt/Metrópoles



Fonte: Metrópoles

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