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Medicamentos biossimilares revolucionam o tratamento de doenças graves

Por Raimundo Bezerra em 03/12/2020 às 11:00:40


Eles custam menos do que os remédios biológicos originais e se prestam a tratar de problemas autoimunes, colesterol e alguns cânceres, incluindo o de mama Existe uma revolução em andamento no mundo dos medicamentos. Desenvolvidos na Europa há 15 anos, os remédios biológicos são capazes de lidar, com grande eficácia e segurança, de doenças para as quais o alcance dos tratamentos tradicionais é mais limitado.

Diferentemente dos sintéticos, desenvolvidos com moléculas químicas específicas, a partir de processos bem definidos, os biológicos são formados a partir de princípios ativos gerados com base em seres vivos. "Se um medicamento sintético tivesse o tamanho da ponta de uma caneta, os biológicos seriam do tamanho de uma sala", explicou Thiago Guia, diretor médico-científico da empresa de biotecnologia Bionovis.

Os medicamentos biológicos são, portanto, muito mais difíceis de desenvolver. Mas têm utilidades enormes. "O céu é o limite, existe uma imensa gama de tratamentos com base nesses remédios", reforçou Guia. Entre as doenças tratáveis com biológicos estão problemas autoimunes, distúrbios de crescimento e certos tipos de câncer, como o de mama, além de tratamentos para a redução de colesterol.

O diretor-médico da Bionovis participou do webinar Biossimilares, o que são e quais os seus impactos na sua vida e no mercado nacional. Com realização do jornal Valor Econômico, patrocínio de Sandoz e mediação de Edward Pimenta, diretor de branded content da Editora Globo, o evento aconteceu no último dia 26 de novembro. Debateu o mercado dos biossimilares – os medicamentos desenvolvidos com base nos biológicos cuja patente já venceu.

Redução nos custos

Assim como os genéricos são cópias dos produtos sintéticos, os biossimilares são criados a partir dos biológicos – com a diferença de que, como os processos são muito mais complexos, o resultado final é levemente diferente, dentro de uma margem de segurança.

"Os biossimilares são tão eficazes e seguros quanto os biológicos", explicou, também durante o evento, o médico Salvador Gullo Neto, CEO e fundador da plataforma Safety4Me, que atualmente reside na Califórnia.

Na Europa, onde esse mercado está mais avançado, a introdução de biossimilares permitiu a economia de 98 bilhões de euros, informou Rafael Alencar, diretor da IQVIA Consulting Brasil. "No nosso país, os produtos biológicos de imunologia faturam R$ 4,1 bilhão", afirmou. "O biossimilar reduz o custo do tratamento em 30 a 40%, o que significa uma economia de pelo menos R$ 1,2 bilhão para o sistema de saúde".

Como lembrou Gullo Neto, o sistema público de saúde nacional recebe 45% do Produto Interno Bruto (PIB) dedicado ao setor, mas atende a 75% da população. "Para o setor público, oferecer medicamentos equivalentes aos biológicos, a um preço mais acessível, é crucial".

Já para o setor privado, a lista de medicamentos que os planos de saúde são obrigados a disponibilizar para os pacientes é definida pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) – o chamado Rol de Procedimentos é atualizado a cada dois anos.

Transferência de tecnologia

Com o objetivo de criar seus próprios medicamentos biológicos e biossimilares, o governo brasileiro vem investindo na transferência de tecnologia a partir de nove parcerias de desenvolvimento.

Segundo Thiago Guia, o Ministério da Saúde é o maior comprador de biológicos e biossimilares do mundo. "Isso dá um poder de barganha enorme, com descontos, nos biológicos, de até 70%. Consumimos muito, mas dependemos do exterior, então queremos agora fabricar localmente".

As Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), diz ele, são capazes de garantir que os produtos sejam adquiridos junto com a tecnologia de desenvolvimento – as empresas que vencem as concorrências têm até dez anos para fazer a transferência de conhecimento para laboratórios públicos.

"No momento em que instituições públicas tiverem acesso à tecnologia, os medicamentos biológicos e biossimilares vão chegar ao consumidor final a um preço ainda mais competitivo", lembra Thiago Guia. A Sandoz, aliás, é uma divisão do Grupo Novartis que desenvolve biossimilares e firmou uma dessas parcerias, com a Fundação Oswaldo Cruz, através do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz).

"Vejo um futuro brilhante pela frente, um momento ímpar de incorporação de tecnologias aos medicamentos", declarou Salvador Gullo Neto. "São novos tempos, que exigem uma nova postura do setor".

Fonte: VALOR ECONOMICO

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