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PF: líder espiritual usava rádio para atrair vítimas para trabalho escravo e exploração sexual

Polícia Federal verificou que as vítimas aceitavam condições ao longo de anos por acreditarem que trabalhavam para uma missão divina

Por Mirelle Pinheiro, Carlos Carone em 16/02/2023 às 21:48:45

A Polícia Federal (PF), em cooperação com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a SuperintendĂȘncia Regional do Trabalho e Emprego, deflagrou, na manhã desta quinta-feira (16/2), a Operação O Impostor, para combater crimes de redução de pessoas a condições de trabalho anĂĄlogas à escravidão e a violação sexual mediante fraude. As equipes cumpriram um mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça Federal de São Paulo.


A corporação apurou que as vítimas eram atraídas para a instituição do suspeito por meio do programa de rĂĄdio dele, que trata de espiritualidade e motivação. A partir disso, elas decidiam conhecer a organização pessoalmente.


No local, ocorrem palestras e outras atividades. Depois, durante semanas de "tratamento" e "treinamento", as vítimas eram convencidas a contribuir com a instituição e a trabalhar voluntariamente ou em troca de pequenas quantias, segundo a investigação.


Com o tempo, eram persuadidas a ficar mais na instituição e a trabalhar para o investigado. Em seguida, convidadas a morar com ele e outros integrantes do grupo, pois seria "mais prĂĄtico e econômico", de acordo com os relatos do líder espiritual às vítimas.


"Prisão psicológica"


As vítimas, então, trabalhavam durante todo o dia, com dedicação exclusiva, sem receber o "salĂĄrio" combinado nem ter alimentação adequada. As pessoas aceitavam as condições ao longo de anos por acreditarem que trabalhavam para uma missão divina, segundo apurado pela PF.


O controle do grupo se mantinha por meio de um organograma hierarquizado, no qual o suspeito era considerado "grão-mestre", "escolhido" pelo arcanjo Miguel. Quem não cumpria o determinado ou esperado pelo investigado era exposto e humilhado, em reuniões do grupo, e sofriam violĂȘncia psicológica por meio de "maldições e ameaças" em nome de Deus e dos anjos.


As vítimas temiam sair do local ou entrar em contato com pessoas de fora sem autorização do suspeito, por medo das consequĂȘncias. Uma das vítimas relatou que vivia em uma "prisão psicológica".


Sob controle do líder espiritual, as vítimas assinavam documentos, confiando no suspeito, com a justificativa de que ajudavam na missão. No entanto, o investigado criou diversas empresas nos nomes dos fiéis e contraiu vĂĄrias dívidas.


As vítimas ouvidas só descobriram a existĂȘncia das empresas e dos débitos após a saída da organização. O investigado pode responder pelos crimes como redução de alguém a condição anĂĄloga à escravidão, violação sexual mediante fraude e lavagem de dinheiro. Somadas, as penas podem ultrapassar 14 anos de prisão.



Texto: Mirelle Pinheiro, Carlos Carone

Foto: Material cedido ao Metrópoles


Fonte: Metrópoles

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