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Negociador russo acusa ucranianos de "sabotarem" corredores de fuga

Representantes da Rússia e da Ucrânia tentam, pela terceira vez, negociar um acordo de cessar-fogo na guerra no Leste Europeu

Por Otávio Augusto em 07/03/2022 às 14:17:37

Nesta segunda-feira (7/3), Vladimir Medinsky, negociador do governo russo, acusou o exército ucraniano de "sabotar" os "corredores verdes", que são rotas de fuga onde não deveriam haver ataques. A fala foi feita enquanto representantes da Rússia e da Ucrânia tentam, pela terceira vez, negociar um acordo de cessar-fogo na guerra no Leste Europeu. Segundo a agência de notícias russa Interfax, a reunião entre os negociadores começou pouco depois do meio-dia desta segunda-feira, pelo horário de Brasília.


"Vamos discutir as mesmas questões da solução política, aspectos humanitários e normalização militar do conflito", detalhou Medinsky.


O negociador, no entanto, admitiu que os corredores de fuga não têm funcionado como deveriam, mas culpou os ucranianos pela falha. "A parte russa estava pronta para abrir esses corredores. Infelizmente, quase nenhum cessar-fogo foi respeitado. Observamos que os nacionalistas ucranianos estavam impedindo civis de saírem das cidades", denunciou.


Ele acrescentou que, em Mariupol, civis foram usados como escudo humano. "Um grupo de 25 pessoas, de nacionalistas, com metralhadoras, tentaram sair da cidade. Eles estavam levando um escudo humano de 50 crianças e mulheres", contou.


Crise migratória


A guerra na Ucrânia desencadeou uma crise imigratória sem precedentes na história moderna. Desde o início do conflito, em média, 150 mil pessoas fogem do país todos os dias. Nesta segunda-feira, o Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) calcula que 1,7 milhão de pessoas deixaram a região.


A Polônia e a Romênia são os países que mais receberam refugiados. Lviv, cidade mais ao oeste da Ucrânia, é destino de cerca de 50 mil pessoas todos os dias.


Apoio militar


Líderes do Reino Unido, Canadá e Holanda anunciaram coalizão contra o presidente russo, Vladimir Putin. O plano é fazer, segundo os mandatários, com que a Rússia fracasse.


Em entrevista coletiva, transmitida ao vivo no início da tarde desta segunda-feira (7/3), o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, detalhou a estratégia, que terá apoio militar e financeiro à Ucrânia. "O cerco se fecha cada vez mais contra Putin. Coalizão militar e econômica fará Putin perder", frisou o premiê.


A declaração foi feita após Johnson se reunir, em seu escritório em Londres, com o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e o da Holanda, Mark Rutte.


Um dos principais temas abordados no encontro foi a dependência da Europa do petróleo e gás russos. Os países tentam encontrar uma forma de reduzir a demanda desses produtos da Rússia. Ao cogitarem novas sanções econômicas, os líderes falaram em "estrangular" a economia russa.


Mais violência, alerta russos


Em resposta, dois integrantes do alto escalão do governo russo alertaram que o envio de armas à Ucrânia causará "escalada catastrófica". Segundo a agência de notícias russa Interfax, o ministro de relações exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, tratou do assunto nesta segunda-feira.


Soberania


Sem indícios de que a guerra na Ucrânia terá um cessar-fogo, Josep Borrell, chefe da diplomacia europeia, anunciou ajuda de 500 milhões de euros (R$ 2,7 bilhões) para a população do país invadido pela Rússia. Em breve pronunciamento transmitido ao vivo nesta segunda-feira (7/3), Borrell afirmou que a União Europeia está preocupado com o grande número de refugiados.


"[Preocupa] o fluxo de refugiados. Precisamos continuar trabalhando por um cessar-fogo que possa começar abrir caminho para negociações", resumiu.


Os Estados Unidos também voltaram a defender a soberania dos territórios dos países. "Temos um compromisso "sacrossanto" com a garantia do Artigo 5º da aliança militar ocidental", garantiu o secretário de Estado americano, Antony Blinken, em visita a Lituânia, Letônia e Estônia por causa da guerra na Ucrânia.


O secretário de Estado disse que o governo americano também irá ajudar a mídia independente para reduzir a desinformação sobre o conflito. Além disso, sem detalhar como, afirmou que a cibersegurnaça será reforçada.


"Os Países Bálticos, muro da democracia, estão resistindo à maré de autocracia que Moscou tentar empurrar para cima da Europa", finalizou.


Crítica a Putin


Demonstrando extrema preocupação com os rumos da guerra, o presidente da Lituânia, Gitanas Nauseda, fez um apelo à comunidade internacional para que todos os esforços sejam aplicados para conter o conflito.


Em um breve discurso nesta segunda (7), ele criticou o presidente russo, Vladimir Putin. "Ele não vai parar na Ucrânia", frisou. O líder lituano defendeu que o mundo tem a obrigação de ajudar os ucranianos "por todos os meios disponíveis".


Entenda


Tropas russas invadiram o território ucraniano em 24 de fevereiro. A Rússia e a Ucrânia vivem um embate por causa da possível adesão ucraniana à Otan, entidade militar liderada pelos Estados Unidos.


Na prática, Moscou vê essa possível adesão como uma ameaça à sua segurança. Os laços entre Rússia, Belarus e Ucrânia existiam desde antes da criação da União Soviética (1922-1991).


O recrudescimento dos ataques, com mísseis, atentados contra usinas nucleares e bombardeios contra civis, fez a comunidade internacional impor sanções econômicas contra a Rússia.


Bancos do país comandado pelo presidente Vladimir Putin foram excluídos do sistema bancário global. Além disso, marcas e empresas suspenderam operações no país. O Banco Central e oligarcas russos, que são multimilionários, não podem realizar transações na Europa e nos Estados Unidos.


Além disso, a Rússia sofre pressão político-diplomática. Entidades como a União Europeia e a Organização das Nações Unidas (ONU) condenaram a invasão.





Texto: Otávio Augusto
Foto: Wolfgang Schwan/Anadolu Agency via Getty Images

Fonte: Metrópoles

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