amazon 1

Existe uma idade limite para começar um projeto pessoal?

Por Raimundo Bezerra em 03/03/2021 às 05:20:14

A colunista Sofia Esteves responde para leitor de 48 anos que quer dar um novo rumo para a carreira >> Envie sua pergunta, acompanhada de seu cargo e sua idade, para: [email protected]

"Estou com 48 anos e trabalho há 4 anos como analista de infraestrutura de TI em uma grande empresa aérea. Sou formado em análise de sistemas, com pós em segurança da informação e MBA em gestão de TI. No meu último emprego, eu tinha cargo de coordenador de TI. Em 2015, com a crise, depois de 20 anos na empresa, fui dispensado. Foi necessário dar um passo atrás e atuar como analista para me recolocar no mercado. Estou na dúvida se faço mais uma pós, mais uma faculdade ou alguma certificação. Ou até mesmo, considerando minha idade, se tento algum projeto pessoal. Pode me ajudar?"

Analista de TI, 48 anos

Respondendo a sua pergunta de forma muito objetiva: não, não há idade para começar um projeto pessoal ou mesmo para se embrenhar em novos rumos profissionais. No meu caso, por exemplo, comecei a empreender com 26 anos e não parei mais: há dois meses, lancei, em parceria com a Liga Venture, a primeira edição do programa de aceleração CT Labs. Um novo projeto do qual me orgulho muito!

Porém, apesar de não ter uma idade limite para explorar novos desafios, existem, sim, algumas perguntas que você deve fazer a si mesmo. E, mais importante, que você deve buscar responder sinceramente. Uma boa dica, aliás, é compartilhar essas questões com outras pessoas, tanto da família quanto do seu meio profissional, para verificar se a sua autoimagem coincide com a percepção daqueles que estão à sua volta.

Dito isso, vamos às perguntas, a começar por uma muito simples, mas essencial: você tem perfil para empreender? Ou seja, você tem um perfil de personalidade que lida bem com o risco, com a incerteza e com inconstâncias? Porque, veja, não vou mentir para você: todos esses sentimentos fazem parte do dia a dia de um empreendedor, às vezes com maior intensidade, às vezes com menor. Por isso, costumo dizer que empreender é dar voltas e mais voltas em uma montanha-russa. E, para aproveitar o passeio, tem que gostar daquele frio na barriga.

Outra pergunta importante e bem prática é: como anda sua reserva de emergência? Ou, em outras palavras, você tem dinheiro em caixa para investir nessa empreitada? Lembrando que, quando falo em investimento, não me refiro apenas à gestação e ao nascimento do projeto, tem todo o custo do desenvolvimento, crescimento e manutenção do seu negócio. Então, é importante colocar absolutamente tudo na ponta do lápis, analisar com atenção o quanto você precisa investir para tirar a ideia do papel e o quanto precisa para mantê-la de pé. Faça essas contas, avalie e, depois, compare a necessidade de investimento com a sua realidade financeira. Se a conta não fechar, calma! Não precisa desistir, mas que tal adiar um pouco o projeto, fazer as coisas de forma mais devagar e, enquanto isso, se preparar financeiramente?

Também vale se perguntar se o projeto que pretende lançar foca em uma área ou em um tipo de serviço que já está saturado. Será que ainda tem espaço no mercado para a sua empreitada ou é melhor apostar em outro caminho? Não quero vender aqui a falsa ideia de que só vale a pena seguir seu sonho se ele for verdadeiramente original, se for “A” ideia do século.

Pode ser uma solução mais simples, pode ser aliás um serviço que já existe há tempo no mercado. A questão a ser avaliada é: diante do cenário corrente, o meu projeto vai passar batido ou ele vai atrair olhares? Pense nisso e, de novo, cheque com as pessoas à sua volta — elas podem dar feedbacks muito preciosos e ajudá-lo a perceber pontos de melhoria no seu projeto que, quando estamos muito perto e imersos naquilo, fica difícil enxergar.

Se depois de todas essas questões, você chegar à conclusão de que não, empreender não é exatamente a sua praia, tudo bem. Vamos pensar em alternativas! Você pode, como profissional da área de TI, buscar trabalhos como freelancer em projetos que chamam a sua atenção, que o desafiam. É um jeito não só de explorar outras oportunidades, como de ampliar sua rede de contatos, de desenvolver novas competências e até, claro, de complementar a renda.

Você também pode pensar em crescer na própria empresa em que está. Sei que a crise muitas vezes impõe alguns obstáculos para a escalada vertical mais acelerada, mas não custa tentar investir em alguns cursos de curta duração que ajudem a complementar seu rol de habilidades atuais e, quem sabe, negociar uma promoção.

Sugiro esse formato de curso porque, como você já tem no currículo uma pós-graduação e um MBA, seria mais interessante, neste momento, apostar em opções de menor duração e investimento, mas que o mantenham atualizado. E está aqui mais uma pergunta — a última, prometo — que pode ajudar na sua jornada: quais competências e conhecimentos você ainda precisa adquirir ou gostaria de desenvolver? Essa questão, aliás, pode ser aquela que vai apontar outro horizonte, resgatar aquele desejo de fazer algo novo. Quem sabe dessa reflexão não nasce algum projeto? Boa jornada.

Sofia Esteves é psicóloga com especialização em recursos humanos e presidente do conselho do grupo Cia de Talentos

Esta coluna se propõe a responder questões relativas à carreira e a situações vividas no mundo corporativo. Ela reflete a opinião dos consultores e não a do Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.

>> Envie sua pergunta, acompanhada de seu cargo e sua idade, para: [email protected]

Como dar um feedback sincero para o chefe?

Fonte: VALOR ECONOMICO

Tags:   Valor
Comunicar erro
AMAZON 2

Comentários

AMAZON 3