amazon 1

Covas apoia frente por direitos humanos e tenta demarcar diferença de Bolsonaro

Por Raimundo Bezerra em 20/11/2020 às 18:20:48


Associar o prefeito ao bolsonarismo tem sido uma das estratégias de Guilherme Boulos O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), candidato à reeleição, participou nesta sexta-feira do lançamento de uma "Frente pelos Direitos Humanos", formada por seis ativistas filiados ao Cidadania, Novo, DEM, PSB, MDB e Podemos. Com um discurso a favor da luta antirracista, pelos direitos LGBTQI+ e pela inclusão de pessoas com deficiência, ele tentou demarcar diferenças em relação ao presidente Jair Bolsonaro.

Associar Covas ao bolsonarismo tem sido uma das estratégias de seu adversário no segundo turno, Guilherme Boulos (Psol). Além de Boulos dizer que o prefeito esconde a proximidade com o presidente, apoiadores do candidato têm espalhado nas redes sociais duas fotos em que Covas aparece sorridente ao tirar uma selfie com Bolsonaro. As fotos, tiradas em março de 2019, foram postadas pelo próprio prefeito no Instaram.

Bruno Covas discursa em São Paulo

Reprodução

"Para mim, direitos humanos não é de esquerda nem de direita, mas uma pauta mínima que precisa estar presente em todos os partidos políticos, em todos os governos. É o mínimo que se espera de um gestor público, de alguém preocupado com a população", afirmou Covas no evento virtual que marcou o lançamento da frente, transmitido em vídeo pela página do Facebook do diretório municipal do Cidadania.

O prefeito lembrou iniciativas do Executivo municipal para capacitar e incluir trabalhadores transgênero no mercado de trabalho e criticou o governo federal por segregar crianças com deficiência. "Tivemos, nas escolas municipais, iniciativas contra essa linha adotada no governo federal, de que a escola tem que ser a escola da exclusão, de que as pessoas com deficiência precisam frequentar as suas próprias escolas. A gente acredita na escola da inclusão."

Covas condenou a proposta de Arthur do Val (Patriota), candidato derrotado no primeiro turno, de dispersar pancadões de funk com jatos d'água e se comprometeu a propor a prefeitos da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) uma parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para combater a violência policial.

"Toda ação que fazemos é para evitar o pancadão, ocupar o espaço antes do pancadão. Se entrar no meio não tem como, vira uma quebração geral", disse o tucano ao responder um questionamento do candidato a vereador que ficou em lista de suplência Ewerton Carvalho (Pode). "Não tem nenhum cabimento chegar com jato d'água para tirar as pessoas. É completamente descabido. Não tem nem condição de discutir."

A proposta de parceria com a OAB foi levada ao prefeito por Biel Oliveira (PSB), que também concorreu à Câmara e ficou como suplente. Advogado, ele é responsável pela área de Igualdade Racial da OAB-Barueri. "O direito à vida está sendo sistematicamente retirado das pessoas negras pelas mãos do Estado", afirmou Oliveira. "Temos que reeducar nossa polícia. Todo cidadão tem que ser respeitado pela polícia, não só o morador de Higienópolis."

Covas comprometeu-se, se reeleito, a tratar de violência policial e a levar o tema para o Conselho Metropolitano, que reúne prefeitos de 39 prefeitos da RMSP. "Ninguém aqui é contra Polícia Militar, ninguém é contra segurança pública, mas é preciso ter respeito, ter dignidade, uma forma que não vá na linha do que a gente viu lá em Porto Alegre", disse Covas.

Ele fazia referência ao assassinato de um homem negro por dois seguranças brancos do supermercado Carrefour na capital gaúcha na quarta-feira. A morte de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi lembrada com pesar pelos sete participantes da live. Covas disse que o crime mostra o racismo estrutural no país.

No início da transmissão, quando o prefeito falava, uma falha na conexão de Biel Oliveira fez com que, em vez da câmera do advogado, fosse exibida a foto de perfil dele, que trazia uma tarja de apoio a Boulos. No primeiro turno, o candidato a vereador fez campanha ao lado do candidato do PSB à Prefeitura, Márcio França. No segundo turno, o PSB decidiu apoiar Boulos, mas França manteve-se neutro.

O vereador Caio Miranda (DEM), que se elegeu em 2016 pelo PSB e depois trocou de partido, também participou do lançamento da "Frente pelos Direitos Humanos" e reconheceu ter "divergências com a gestão" de Bruno Covas. Ainda assim, disse ter "muito respeito" pelo prefeito.

"Bruno tem compromisso muito forte com os Direitos Humanos. Mesmo sendo criticado quando o bolsonarismo estava no auge ele não cedeu nessa postura republicana apesar da pressão política", afirmou.

Miranda disse ainda que votar em Boulos é um "canto da sereia". "O que está por trás da candidatura dele [Boulos] é o extremismo mais à esquerda que levou a gente a ter uma direita que está hoje no poder lá em Brasília. O extremismo é ruim para a democracia."

Fonte: VALOR ECONOMICO

Tags:   Valor
Comunicar erro
AMAZON 2

Comentários

AMAZON 3